quarta-feira, 13 de outubro de 2010

3º setor contribuindo para o desenvolvimento sustentável pela Bolsa de Valores

BOLSA DE VALORES E TERCEIRO SETOR

Por Nicholas Maciel Merlone

O Terceiro Setor pode contribuir para a educação e o desenvolvimento sustentável, aspectos fundamentais no mundo atual, por meio da Bolsa de Valores de São Paulo desde 2003, quando foi criada a Bolsa de Valores Sociais & Ambientais. Nesse espaço, organizações não-governamentais na área socioambiental que necessitem de investimentos já podem, após rigorosa fiscalização para se apurar sua transparência, ingressar no mercado de capitais, fortalecendo-se e, em contrapartida, devolvendo o investimento no social. No contexto, empresas que busquem realizar a responsabilidade social e pessoas físicas podem efetivar doações, contribuindo para uma sociedade e um meio-ambiente melhores, de forma segura.

Cabe primeiramente mencionar um projeto em andamento. A ONG Aliança Empreendedora, com o projeto Aliança Jovem Empreendedor estimado em R$ 150.262,00, pretende beneficiar 50 microempreendimentos, cada um formado por no mínimo 3 jovens.
As atividades seriam realizadas em 12 meses e consistiriam na divulgação, sensibilização e mobilização de jovens, escolas, igrejas, ONGs e organizações de juventude em diversas comunidades, seguida pela inscrição deles em um concurso de idéias e planos de negócio, onde os selecionados seriam capacitados e assessorados.
O projeto seria finalizado com um evento e feira de comercialização dos produtos criados, com vistas a beneficiar 150 jovens micro-empreendedores em comunidades de baixa renda de Curitiba e Região Metropolitana.
Na página do projeto Aliança Jovem Empreendedor no site é possível consultar relatórios trimestrais de suas atividades, o que fornece transparência e credibilidade aos investimentos.
Faremos secundariamente menção a um projeto concluído. O projeto Jovens em Ação da Associação Educacional Labor previa a criação de condições para que jovens de São Paulo, na região da Represa de Guarapiranga, em horário complementar ao da escola, desenvolvessem projetos próprios para melhoria de condições sócio-ambientais do bairro.
Foram arrecadados R$ 150.840,00 no período em que permaneceu no site de 15/09/2003 até 26/05/2006. Os resultados alcançados foram elaborados e executados pelos jovens das diferentes Unidades Escolares, concretizando 7 projetos que visaram melhorar a qualidade de vida dos alunos e da comunidade local, oferecendo-lhes diferentes espaços para cursos, oficinas, lazer, prática de esportes e cultura.
Também visando à transparência, mais detalhes sobre o projeto Jovens em Ação podem ser verificados no relatório de gastos, acessível na página de projetos concluídos no site da Bolsa de Valores Sociais & Ambientais.
Os projetos mencionados privilegiam o direito à Educação e Cidadania dos jovens. Enquanto isso, o artigo 6º da Constituição da República prevê os direitos sociais. Entre esses, encontra-se previsto o direito à educação. Já no artigo 205 do referido diploma legal está previsto que a mesma visará “ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Ocorre que, apesar das promessas de campanha, os políticos algumas vezes omitem-se com relação a este dever que lhe foi conferido pela Constituição. A educação é um direito fundamental, de relevante importância na formação da cidadania dos jovens que conduzirão o país no futuro e, assim, no contexto do desenvolvimento sustentável.
O último se desdobra em três fatores: a) preservação do meio-ambiente, b) desenvolvimento econômico e c) desenvolvimento sócio-político. Acreditamos ser possível efetivá-los, do mesmo modo que acreditamos serem de grande importância para que as gerações presentes e futuras possam sobreviver em condições dignas. E, para concretizá-los, faz-se importante investir na educação.
Conforme dispõe o art. 225 da Constituição Federal: “Todos têm direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
Nota-se, então, que o legislador optou por proteger o meio-ambiente ecologicamente equilibrado, por se tratar do local onde o povo sobrevive. Do mesmo modo, impôs o dever ao Poder Público e à coletividade de preservá-lo.
Por outro lado, conforme anuncia o art. 170 da Constituição Federal: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social (…)”.
Assim, buscou-se valorizar em nossas relações: a) o trabalho humano, b) a livre iniciativa e c) a justiça social. Percebe-se, então, uma tentativa de humanizar o Capitalismo, buscando-se o pleno emprego.
Então, conforme já havíamos mencionado a educação é a base para que tenhamos um meio-ambiente ecologicamente equilibrado e o trabalho qualificado, para que a economia se desenvolva melhor e realize justiça social, diminuindo as desigualdades sociais.
Porém, como mencionamos alguns políticos omitem-se em alguns momentos, devendo então a sociedade cobrá-los e agir positivamente. Tendo em vista, portanto, essa omissão, acreditamos na importância da atuação de Entidades Paraestatais ou Entes de Cooperação, as chamadas entidades do terceiro setor, como: a) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP (Lei n. 9.790/99), b) Organizações Sociais (Lei n. 9.637/98).
Acreditamos que mais iniciativas complementares promissoras e bem-sucedidas, como a iniciativa Aliança Jovem Empreendedor e a dos Jovens em Ação, respectivamente, possam gerar resultados positivos para todos. Os jovens poderiam receber mais educação, tornando-se pessoas melhores, o desenvolvimento sustentável seria mais possível de se efetivar e, assim, a nação e o país só teriam a ganhar, partindo-se de iniciativas locais.

Finalmente, com uma criativa iniciativa, a Bolsa de Valores de São Paulo, BMF&Bovespa, criou um mecanismo idôneo que permite às pessoas e empresas investirem em projetos sócio-ambientais e contribuirem para uma sociedade mais digna e um meio-ambiente ecologicamente equilibrado, disponibilizando mais uma alternativa aos que desejam ajudar a fazer a diferença.
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Publicado originalmente no Portal Aprendiz (link).
13 de outubro de 2010.

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